Não importa sol ou sombra, camarotes ou barreiras
Toureamos ombro a ombro as feras
Ninguém nos leva ao engano, toureamos mano a mano
Só nos podem causar dano esperas
Entram guizos, chocas e capotes e mantilhas pretas
Entram espadas, chifres e derrotes e alguns poetas
Entram bravos, cravos e dichotes porque tudo mais são tretas
Entram vacas depois dos forcados que não pegam nada
Soam bravos e olés dos nabos que não pagam nada
E só ficam os peões de brega cuja profissão não pega
Com bandarilhas de esperança, afugentamos a fera
Estamos na praça da Primavera
Nós vamos pegar o mundo pelos cornos da desgraça
E fazermos da tristeza graça
Entram velhas, doidas e turistas, entram excursões
Entram benefícios e cronistas, entram aldrabões
Entram marialvas e coristas, entram galifões de crista
Entram cavaleiros à garupa do seu heroísmo
Entra aquela música maluca do passodoblismo
Entra a aficcionada e a caduca mais o snobismo e cismo
Entram empresários moralistas, entram frustrações
Entram antiquários e fadistas e contradições
E entra muito dólar, muita gente que dá lucro aos milhões
E diz o inteligente que acabaram as canções
La la la la la la la la la la... la la la la la...
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